segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Melô do PSDB -

Lembram daquela musiquinha do grupo 'As meninas', que fez muito sucesso no início dos anos 2000 (ou final dos anos 90, algo assim), e era mais ou menos assim "e o rico cada vez fica mais rico. e o pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima, sobe e o debaixo, desce"? Ela fez muito sucesso numa época em que o Brasil ia mal. Mal mesmo. O desemprego e a misérias reinavam no país e a música fez sucesso exatamente porque refletia o momento que vivíamos. Uma época em que os ricos ficavam cada dia mais ricos e os pobres cada dia mais pobres.
Se essa música fosse lançada hoje, ela não faria sentido, afinal, o Brasil é modelo no combate à fome, miséria e desigualdade social - inclusive tendo saído do mapa da fome mapa da fome da ONU. O primeiro país a atingir um dos objetivos do milênio!
Infelizmente, essa música engraçadinha pode voltar a fazer sentido, dependendo de quem será eleito no próximo domingo. Não sou paga por ninguém e odeio terrorismo, campanha de medo e etc, mas o que a população precisa? Será que queremos aquele modelo neoliberal (o adotado pelo governo FHC, leia-se) que privilegia empresários milionários em detrimento da população geral ou queremos melhorias para todos, indistintamente?
Eu sei que eu quero continuar num país cujo governo busca dar oportunidades para todos, reduzindo fome, desemprego, taxas de juros e ingerências de organismo internacionais na nossa economia (leia-se: FMI).
Não estou aqui para mudar o voto de ninguém, acho que a essa altura do campeonato, nem seria possível, mas tem muita gente indecisa que deveria ver bem qual seus interesses.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Blog Action Day 2014 - A luta do feminismo

Hoje, 16.10.2014, é dia do blog action day 2014, que é uma espécie de evento que acontece desde 2007 na internet no qual ~blogueiros~ do mundo todo, em um dia escolhido pela organização, para falar sobre um tema específico. São sempre assuntos muito importantes e nesse dia as pessoas usam a internet para chamar atenção para o tema escolhido. Descobri há alguns dias que esse blog action day existia e resolvi participar. O tópico do ano é desigualdade.

A desigualdade reina no nosso planeta. E ela é de todo tipo: econômica, racial, orientação sexual e de gênero. E ela mata. Sim, a desigualdade mata milhares de pessoas todos os anos. A desigualdade econômica mata pessoas que simplesmente não tem o que comer - é só você ter em mente que 1% da população mundial concentra metade da riqueza do planeta. O racismo mata (vide caso Ferguson, nos E.U.A). A homo/lesbo/bi/transfobia, adivinhem só: mata também.  E, por último, mas não menos importante, o machismo mata. E vou utilizar meu espaço no blog action day exatamente para (tentar) abordar algumas nuances do machismo.

Há quem diga que machismo não existe, que as mulheres já conquistaram todos os direitos dos homens, afinal elas podem trabalhar, escolher com quem casar, podem até votar...querem mais o quê? Mas, será mesmo que feminismo era apenas sobre isso? Não que essas não sejam conquistas válidas, muito pelo contrário, são importantíssimas. Por muito tempo as mulheres tinham que ficar apenas em casa cuidando dos afazeres domésticos e dos filhos. Trabalhar? Nem pensar! OPA! Mas..peraí? Será que era assim com todas as mulheres? Não. As mulheres negras (que quase sempre eram as mais pobres), por exemplo, não eram impedidas de trabalhar, muito pelo contrário, elas precisavam trabalhar para complementar a renda. De toda forma, o fato de poder ter autonomia sobre o corpo, de votar e ser votada, estudar e crescer na vida as mulheres conseguiram, a questão é: até que ponto.

Até que ponto todas nós temos liberdade para fazer o que quisermos com o nossos corpos? Será que essa liberdade é plena? Digo que não. Se usamos roupa curta (para mostrar o corpo que é nosso), somos vadias, piranhas, vagabundas. Se, ao contrário, somos discretas, quase sempre taxadas de frígidas, santinhas (que tem sentido pejorativo sim) e ainda nos dizem "ah você deveria se valorizar mais, assim nunca vai arrumar um namorado", se usa muita maquiagem, é fútil; se não usa nenhuma é porque não gosta de ~se cuidar; se é muito magra também é ruim pq "homem gosta de carne", se é gorda é preguiçosa e tem que fazer regimes insanos e ir pra academia; se corresponde ao padrão de beleza, é fútil, burra, incompetente - nao sei qual motivo, mas as pessoas, principalmente os homens, tendem a acreditar que mulheres bonitas são burras - e pior ainda, quando são feias (leia-se: não atendem ao padrão de beleza vigente) são criticadas, porque só pode ser desleixo. Nós mulheres não podem ser donas nem da nossa própria aparência, porque a sociedade machista quer sempre ditar os nossos comportamentos.

Não bastasse isso, até na hora de escolher profissão: aquela dicotomia horrorosa de "isso é trabalho de homem, aquilo é de mulher". Não tenho dados, mas sei que nas áreas que envolvem as ciências exatas, o número de mulheres é bem reduzido. Será que aquela aquela historia de que mulheres são ruins em matemática é  verdade? MAS É CLARO QUE NÃO. Nós simplesmente não costumamos ser estimuladas, quando crianças, para que essas aptidões se desenvolvam. Então você encontra nas áreas de ciências exatas um número bem maior de homens. As mulheres que chegam lá costumam sofrer muito preconceito, vítimas diretas do machismo que nos diz todos os dias que mulheres têm que trabalhar apenas na área de humanas porque são mais sentimentais, que não temos competência para nos especializarmos e trabalharmos na área que quisermos pq "isso não é coisa de mulher".

Eu sou péssima em matemática. Muito ruim mesmo. Mas não foi falta de estímulo. Minha mãe sempre, desde criança, me dava brinquedos educativos, com formas geométricas, brinquedos de montar, muito quebra-cabeça (desses eu gosto até hoje). Ela me dava bonecas também, eu gostava de barbie e dessas bonecas bebês, mas uma coisa que a minha mãe nunca fez foi me dar outros típicos brinquedos de menina: coisas de cozinha. Aquele fogão, a vassoura, a pia, os jogos de pratos e xícaras. Com tanta coisa pra aprender, pq ela iria me ensinar a fazer tarefas domésticas? Infelizmente, não são todos os pais que pensam assim e acham q esse tipo de brinquedo é "de menina" pq é obrigação da mulher as tarefas domésticas. Não, não é. 

Uma mulher, assim como um homem, tem que saber fazer as atividades de casa sim,  pra saber cuidar de si, não "pra casar". Nunca vi ninguém ensinar meninos  a cozinhar com o argumento de "tem que saber cozinhar pra quando casar". Mas já vi o contrário. E com certa frequência, infelizmente. Não fui criada pra casar. Tudo relacionado a tarefas de casa que minha mãe me ensinou foi dizendo "o dia que tu for morar sozinha e ter a tua vida, tem que saber se virar". E ainda bem que minha mãe me ensinou assim. Gostaria que todas pudessem ter essa oportunidade.

Minhas amigas, ainda tem mais. A nossa aparência não é nossa, a sociedade inteira cuida dela pra que sejamos compelidas a nos achar feias e gastar milhares com produtos de beleza (uma industria muito lucrativa), ou então como se nossa vida inteira devesse ser baseada em nos arrumar pra conseguir homem. Não podemos escolher uma área que gostamos mais pq temos que responder à expectativa de sermos sempre as emocionais que jamais usam a razão. Além disso, precisamos nos submeter a todo tipo de assédio e violência (qualquer tipo de violência, não apenas física) e ainda acham ruim quando reclamamos. Nem na rua, que é pública, temos paz. Chamam de "cantadas", mas eu chamo de ASSÉDIO. Andar na rua e ouvir coisas do tipo "gostosa!", "vou te chupar todinha", "bocetao"..somos abrigadas a aceitar esse tipo de violência??? NÃO, AMIGAS, NÃO SOMOS! Vamos, sim, reclamar, chamar as autoridades competentes, não só pra esse tipo de assédio. No trabalho também, mulheres são vítimas constantes de assédio sexual e muitas, que necessitam do emprego, acabam se submetendo. Tá na hora de dar um basta! Sem mencionar aqui a violência doméstica. Quantas mulheres apanham e morrem pq os esposos pensam ser donos de um objeto? Quantas mulheres na rua são estupradas pq homens se sentem no poder de usar de um corpo sem autorização, apenas pra mostrar que podem tudo? E, pior, o destrato conosco é tão grande que quando queremos denunciar, passamos pelas situações mais constrangedoras possíveis. É polícia despreparada para receber vítimas desse tipo de violência, é falta de equipamentos e profissionais para que possamos fazer os exames de corpo de delito com o mínimo de constrangimento, é a sociedade nos culpando de crime dos quais somos vítimas.

O machismo faz com que não possamos ser dona do nosso corpo. O machismo nos tira nossos desejos e aspirações profissionais. O machismo machuca. O machismo mata! 

Eu, como feminista que sou, estou aqui para convidar todas para lutar contra esse sistema que prime a todas nós (e oprime os homens também), e para dar mais visibilidade ao tema. ao me utilizar do espaço do blog action day. Estou aqui para (tentar) acabar com o mito criado pelo machismo de que mulheres são inimigas, mulheres são fofoqueiras, mulheres não são confiáveis. Esse tipo de discurso serve apenas para nos afastar e, desconfiando uma das outras, deixemos de nos unir para lutar contra todo esse sistema tão cruel. Temos que nos unir.

Feminismo não é sobre mulheres conquistarem o mundo e passarem a oprimir os homens. Feminismo é sobre escolhas, opções, oportunidades para os gêneros. Feminismo é sobre igualdade!


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Moral e Direito

Estamos quase em 2015 e ainda tem estudante de Direito - prestes a se formar!! - que acredita mesmo que a principal atribuição dele será "defender leis". Uma faculdade inteira e não aprenderam que Direito não é só lei, se fosse, seríamos chamados de "operadores da lei" e não de "operadores do direito". Pra quem acredita piamente nisso, que se faz direito com o objetivo puro e simples de se fazer com que a lei seja cumprida/defendida, lembre-se: tudo que Hitler fez estava abarcado pela legislação da época. E aí, você, que se considera um operador de leis, defenderia uma legislação que permitisse tais atrocidades?

A discussão em torno de direito e moral é extensa e antiga. Sabe-se que Direito e Moral não devem se confundir, são distintos, porém possuem sim pontos de intersecção. Tipo aqueles desenhos de matemática lá do ensino fundamental.

Algumas atitudes consideradas imorais não são necessariamente criminosas. Exemplo: adultério é considerado como imoral, contudo, desde 2006 não figura mais no CP como crime. Nesse caso específico, a conduta está no círculo da moral, porém longe da intersecção com o Direito, isso porque não cabe ao Estado prender ninguém por ter violado a fidelidade conjugal (hoje em dia não se pode mais nem falar em efeitos na esfera cível, haja vista não haver mais que se falar em separação judicial e discussão da culpa). 

Há também os pontos convergentes. O racismo é imoral, sabe-se que discriminar seres humanos pela sua etnia é errado e o legislador, para garantir que todos pudessem viver dignamente, criminalizou o racismo. Discriminar alguém pela cor de sua pele, além de imoral, é criminoso (Lei 7716/89).

Necessário ainda falar dos pontos que Direito e Moral deveriam estar conectadas, mas (ainda) não estão. É o caso da homofobia (que deve, por óbvio, abarcar a bi e transfobia também) que até hoje não foi criminalizada. As pessoas sabem - tanto sabem que mesmo as que agem dessa forma quase sempre negam que sejam preconceituosas arrumando desculpinhas esfarrapadas - que nenhum ser humano pode ser discriminado pela sua orientação sexual. Moralmente já está tudo ok, tudo certo, contudo, o legislador brasileiro, mesmo com o clamor da comunidade LGBT que vem cada dia mais sofrendo ataques violentos, ainda não criminalizou a conduta de desrespeitar direitos (direito a integridade física, psicológica) dos homo/bi/transexuais em razão de orientação sexual. Nesse caso, a lei que já existe se mostra insuficiente para proteger direitos de uma minoria...e aí, vamos defender essa lei? Não, né, vamos defender o que é justo e certo que é criminalização da homofobia.